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Tempo

João Lourenço menos preocupado com a sua segurança do que o antecessor

Há menos guarda presidencial nas ruas quando o atual Chefe de Estado faz trabalho de campo. Recentemente João Lourenço foi fotografado na Ilha do Mussulo sem segurança, descontraidamente com a esposa.
O alegado excesso de zelo de José Eduardo dos Santos, antigo Presidente de Angola, foi registado em pelo menos dois casos mediáticos. O primeiro em 26 de novembro de 2003, quando um efetivo da Unidade da Guarda Presidencial (UGP) alvejou mortalmente o jovem Arsénio Sebastião "Cherokee", de 27 anos, por cantar a música do rapper angolano MCK intitulada, "As téknicas, as kausas e as konsekuências".
O segundo caso ocorreu já dez anos depois, a 23 de novembro de 2013, quando um agente da Unidade de Segurança Presidencial assassinou com três tiros nas costas o engenheiro Helbert Ganga, militante da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) por colocar panfletos nas imediações da cidade alta.
Na altura, Serafim Simeão, que era Secretário Executivo da Juventude Patriótica de Angola (JPA), braço juvenil da coligação, explicou que a colagem estava a ser feita fora do perímetro presidencial. Agora, o atual responsável da CASA-CE na província angolana da Huíla realça que quer a UGP quer a Unidade de Segurança Presidencial (USP) agiram sempre de forma excessiva quando se relacionavam com a população. "Achamos que houve injustiça e excesso de zelo porque o Ganga foi morto com três tiros nas costas. Era um jovem patriota que estava desarmado. Ele foi morto com papéis, pincéis e colas e a apelar ao fim de assassinatos políticos”.
Segurança máxima
Nas suas deslocações, o antigo Presidente da República fazia-se sempre acompanhar de um forte aparato de segurança. "A segurança presidencial era muito notável porque era constituído maioritariamente por elementos fardados da UGP e elementos que, às vezes, funcionavam à paisana que é Unidade de Segurança Presidencial”, comenta o jornalista André Kivuandinga.
Já o jovem político Serafim Simeão socorre-se de um provérbio popular para justificar o excesso de escolta do antigo Chefe de Estado. "Quando você não deve não teme. José Eduardo dos Santos, enquanto Presidente da República, temia. Eis a razão de ter um aparato grande de efetivos”, diz.
Porém, com João Lourenço, nota-se uma redução clara das forças presidenciais nas ruas da capital angolana. A DW África constatou isso mesmo quando João Lourenço visitou o Hospital Sanatório de Luanda e inaugurou o viaduto do Kamama. O jornalista André Kivuandinga reconhece que há menos segurança. Mas também diz que há muitos agentes à paisana que protegem o presidente. "Notamos que há um número reduzido de elementos da segurança. Mas atenção, onde vai João Lourenço há muitos elementos civis que podem ser confundidos com população e cidadãos normais, mas não são. São elementos da segurança que estão a funcionar à paisana”, assevera.

Governação simples
A governação do terceiro Presidente da República na história do país tem sido marcada pela simplicidade, afirma o jornalista. O profissional aponta como exemplo a fotografia que se tornou viral na rede social Facebook.
Na imagem, vê-se o casal presidencial descontraído na Ilha do Mussulo onde celebrou a passagem de ano. Outro exemplo é o facto de o presidente promover uma conferência de imprensa, esta segunda-feira (08.01), para falar sobre os primeiros 100 dias de governação, algo que nunca aconteceu em 38 anos.
"O facto de realizar a passagem de ano na Ilha do Mussulo e cumprimentar as pessoas, apesar de que, muitas dessas pessoas eram parte da segurança, mas a população tirou fotografias e imagens… Isso já mostra uma governação simples e mais próxima do cidadão. Uma coisa que não tivemos nos 38 anos passados”.

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